Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina 2017 – O valor da pesquisa básica e o ciclo circadiano
3 Outubro 2017
O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2017 foi concedido a Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young por suas descobertas fundamentais sobre os mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano, o relógio biológico que regula os ciclos de sono, alimentação e outros processos fisiológicos em organismos vivos.
O reconhecimento surpreendeu parte da comunidade científica, pois muitos esperavam que o prêmio fosse para áreas de aplicação clínica imediata, como imunoterapia do câncer ou edição genética. No entanto, a escolha destacou a importância da pesquisa básica, frequentemente subestimada por não apresentar resultados práticos imediatos, mas essencial para avanços futuros.
Os laureados desvendaram, por meio de estudos em moscas-das-frutas, como genes e proteínas interagem para gerar ritmos biológicos diários. Esse conhecimento, inicialmente sem aplicação direta, abriu caminho para uma nova área da biologia e da medicina, com impacto em distúrbios do sono, metabolismo, saúde mental e doenças crônicas.
A decisão do comitê do Nobel reforça que grandes descobertas científicas muitas vezes surgem de investigações motivadas pela curiosidade e pelo desejo de compreender fenômenos naturais, e não apenas pela busca de soluções imediatas para problemas de saúde. O ciclo circadiano, hoje reconhecido como fundamental para a saúde humana, é um exemplo de como a pesquisa básica pode transformar o entendimento e o tratamento de doenças.
Figura: mecanismo molecular do ritmo circadiano.
Leitura recomendada:
- Paul E. Hardin, Jeffrey C. Hall & Michael Rosbash. Feedback of the Drosophila period gene product on circadian cycling of its messenger RNA levels. Nature (1990), 343:536.
- Jerome Groopman. The Real Message of the 2017 Nobel Prize in Physiology or Medicine, The New Yorker.