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O mínimo que todo médico generalista (isso inclui clínicos, pediatras, cirurgiões gerais e gineco-obstetras) precisa saber sobre câncer

12 Julho 2018

Escrito por Francisco H. C. Felix

Neste texto tento mostrar que muitas vezes, mesmo tendo conhecimento adequado sobre o assunto, um(a) medico(a) generalista pode fazer mais ainda e ser a diferença para os pacientes com câncer se atentar para alguns detalhes e organizar uma abordagem objetiva e humana.

A grande maioria dos pacientes que descobre ser portador de um câncer Câncer (lat cancer = caranguejo): grande grupo de doenças muito diferentes entre si, tendo em comum a proliferação celular incessante e desordenada, a capacidade de invadir localmente tecidos saudáveis do organismo e a capacidade de se espalhar para locais distantes (metástases). Os diversos tipos de câncer são teoricamente oriundos de uma única célula (origem clonal) a qual sofreu mutações em seu código genético. Saiba mais aqui. vai ser atendido inicialmente por um médico generalista. Nessa definição se enquadram os clínicos gerais, os pediatras, os cirurgiões gerais e os gineco-obstetras. Nós médicos passamos um tempo prolongado do curso aprendendo como o câncer surge, seus mecanismos, sua biologia, seus sintomas, entre outros detalhes acadêmicos. Essa grande quantidade de informação nem sempre ajuda realmente no momento de comunicar aos pacientes sobre uma suspeita de doença neoplásica.

Uma das lacunas na maioria dos currículos de escolas médicas é o ensino da relação medico-paciente, especialmente a comunicação diagnóstica de má notícia. Muitos profissionais ficam à mercê de sua própria experiência e estrutura de relação interpessoal, e nem sempre isso é suficiente. O correto é que, ao lado do conhecimento técnico sobre a doença, também fosse treinada a abordagem humana. No entanto, isso não é a norma hoje em dia.

Isso faz com que todo aquele conhecimento que se recebe no banco da escola nem sempre ajude no momento de comunicar-se com os pacientes. Por isso, um breve guia do mínimo necessário para saber sobre o câncer e como falar com os pacientes é algo bem útil. Neste texto curto, vou expor aquilo que acredito que deve ser prioridade na mente dos médicos generalistas que podem se deparar com casos de suspeita de neoplasias.

Mitos sobre o câncer (para os médicos generalistas):

Nunca vou ver um caso de câncer no meu trabalho, é muito raro!

Nada disso, a grande maioria dos generalistas vai se deparar com casos suspeitos, e não será apenas uma vez. O câncer é uma doença cuja incidência está aumentando devido ao envelhecimento da população e outros fatores. Cada vez é mais frequente que encontremos casos suspeitos no dia-a-dia.

Ninguém sobrevive ao câncer.

Isso ficou para trás. Até os anos 70-80, realmente, a sobrevida não era muito promissora na maioria dos tipos de câncer. Hoje em dia, com todos os desenvolvimentos da epidemiologia Epidemiologia (gr epi = sobre; demos = povo; logos = estudo): propõe-se a estudar quantitativamente a distribuição dos fenômenos de saúde/doença, e seus fatores condicionantes e determinantes, nas populações humanas. É um campo da ciência que trata dos vários fatores genéticos, sociais ou ambientais e condições derivados de exposição microbiológica, tóxica, traumática, etc, que determinam a ocorrência e a distribuição de saúde, doença, incapacidade e morte entre os grupos de indivíduos. , diagnóstico precoce, tratamento e seguimento, a norma é sobreviver ao câncer, a maioria dos pacientes têm doenças que podem ser adequadamente tratadas se descobertas a tempo.

O tratamento do câncer é muito caro, somente ricos conseguem.

Embora seja verdade que os tratamentos mais recentes são muito dispendiosos, o tratamento para a maioria dos pacientes com câncer pode ser realizado a um custo aceitável em nosso país. Onde o tratamento não estiver disponível, o cidadão tem o direito de ser conduzido a um local onde seja tratado. Como estipulado em nossa constituição, é direito de todos a ser garantido pelo poder público.

Eu sou generalista, nada posso fazer.

Este é o maior mito de todos. Uma das maiores armas da medicina contra o câncer é o diagnóstico precoce e, neste processo, o maior papel é dos generalistas. Então, sim, você que trabalha num posto de saúde, como cirurgião geral num pequeno hospital, numa maternidade do interior, você é quem tem o maior poder de todos no combate do câncer: reconhecer o mais cedo possível salva o maior número possível de vidas.

Verdades sobre o câncer:

É uma doença grave.

Sim, e por isso não se deve adiar ou atrasar seu diagnóstico e tratamento. Se, para o tratamento do infarto do miocárdio Um infarto agudo do miocárdio, popularmente denominado “ataque cardíaco”, ocorre quando a circulação de sangue para uma parte do coração é interrompida, causando lesões no músculo cardíaco. O sintoma mais comum é dor no peito. ou do acidente vascular cerebral Um acidente vascular cerebral (AVC), popularmente denominado “derrame cerebral”, ocorre quando problemas na irrigação sanguínea do cérebro causam a morte das células, o que faz com que partes do cérebro deixem de funcionar devidamente. tempo é vida, isso também é verdade para o câncer, somente a escala é diferente. A legislação atual requer que um paciente com suspeita de câncer inicie seu tratamento em até 60 dias, no máximo. Isso requer que todos os passos diagnósticos sejam feitos neste prazo. Quando o assunto é câncer, ninguém deve dormir no ponto.

Seu tratamento é complicado.

Verdade, o tratamento do câncer, por mais que a medicina tenha evoluído, ainda inclui, muitas vezes, grandes cirurgias, por vezes mutiladoras, e tratamentos que trazem efeitos colaterais frequentes, como a radioterapia A radioterapia é uma modalidade de tratamento que utiliza uma radiação ionizante (raios X, raios gama, partículas beta, etc) para a terapia de tumores, principalmente os malignos. Baseia-se na destruição das células tumorais pela absorção da energia da radiação, causando morte celular. O princípio básico maximiza o dano no tumor e minimiza o dano em tecidos vizinhos normais, irradiando uma região de várias direções diferentes, o que “focaliza” a radiação na área alvo. e quimioterapia Quimioterapia refere-se ao tratamento de doenças por substâncias químicas que afetam o funcionamento celular. Pode ser quimioterapia antimicrobiana, quimioterapia antiviral, quimioterapia anticâncer, etc. Popularmente, o termo refere-se à quimioterapia anticâncer ou antineoplásica, um dos tratamentos do câncer onde são utilizadas drogas capazes de induzir morte celular. As células de câncer são mais sensíveis à quimioterapia, por se multiplicarem rapidamente. Células normais também podem ser afetadas, ocasionando diversos efeitos colaterais, como a queda de cabelo. . Alguns tratamentos introduzidos recentemente, como as terapias alvo Terapia alvo é uma das modalidades de tratamento médico (farmacoterapia) para o câncer, sendo que outras são terapia hormonal e quimioterapia citotóxica. A terapia alvo bloqueia o crescimento de células cancerígenas interferindo com moléculas específicas necessárias para a carcinogênese e o crescimento do tumor, ao invés de simplesmente interferir com todas as células que se dividem rapidamente (por exemplo, com quimioterapia tradicional). Como a maioria dos agentes para terapia direcionada é biofarmacêutica, o termo terapia biológica é às vezes sinônimo de terapia alvo quando usada no contexto da terapia do câncer (e, portanto, distinta da quimioterapia, isto é, terapia citotóxica). ou a imunoterapia A imunoterapia é o tratamento da doença através da indução, intensificação ou supressão da resposta imune do hospedeiro. As imunoterapias projetadas para desencadear ou amplificar uma resposta imune são classificadas como imunoterapias de ativação, enquanto imunoterapias que reduzem ou suprimem são classificadas como imunoterapias de supressão. Nos últimos anos, a imunoterapia tornou-se de grande interesse para pesquisadores, médicos e empresas farmacêuticas, particularmente em sua promessa de tratar várias formas de câncer. prometem uma era de tratamentos com menos complicações para os pacientes, mas são tratamentos em sua infância, ainda muito dispendiosos e cuja eficácia ainda deixa a desejar na maioria das vezes. Por isso, é importante informar aos pacientes que a chance de cura é grande para a maioria dos casos.

O combate ao câncer exige compromisso de toda a sociedade.

A responsabilidade não é apenas do poder público ou da medicina. O câncer é uma doença evitável em muitos casos. Não fumar (nem tabaco, nem outras ervas), consumir bebidas alcoólicas com muita moderação e cuidar da saúde (evitar excesso de peso, alimentar-se de maneira equilibrada, praticar exercícios, evitar excesso de sol) são as principais atitudes individuais que têm o poder de reduzir a incidência de câncer. Estas medidas são baratas, ao alcance de todos e evitam a maioria dos casos de câncer.

Lembranças ao generalista quando aborda o paciente:

Para além do conhecimento técnico, nesses momentos vale mais a nossa humanidade. Lembre-se, você é um(a) medico(a), representa toda uma tradição muito longa de equilíbrio, tolerância e perseverança. Seja a diferença no mundo!

O mínimo que todo médico generalista (isso inclui clínicos, pediatras, cirurgiões gerais e gineco-obstetras) precisa saber sobre câncer - July 12, 2018 - fhcflx