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Melanoma em adolescentes e adultos jovens

4 Julho 2018

Escrito por Francisco H. C. Felix

Pesquisadores do Istituto Nazionale Tumori, em Milão, na Itália, estudaram pacientes portadores de melanoma na faixa etária da adolescência e em adultos jovens, idade na qual estas lesões são raras e publicaram uma revisão sobre o assunto.

A incidência de melanoma tem aumentado continuamente nos últimos anos e, com uma incidência anual, hoje em dia, de 20 casos por 100 mil, é um dos tipos de câncer Câncer (lat cancer = caranguejo): grande grupo de doenças muito diferentes entre si, tendo em comum a proliferação celular incessante e desordenada, a capacidade de invadir localmente tecidos saudáveis do organismo e a capacidade de se espalhar para locais distantes (metástases). Os diversos tipos de câncer são teoricamente oriundos de uma única célula (origem clonal) a qual sofreu mutações em seu código genético. Saiba mais aqui. mais frequentes do ser humano. Apesar de raro em crianças, é o segundo tipo de câncer mais frequente no grupo entre 0-39 anos de idade. O risco aumenta a partir da puberdade e a incidência chega a 7,8 por 100 mil em adolescentes e adultos jovens. Dessa forma, o melanoma não pode ser considerado raro nessa população.

O risco de desenvolver melanoma varia muito de acordo com a etnia, sendo dezenas de vezes maior em caucasianos do que em negros e hispânicos. Ao contrário de pacientes acima de 40 anos, nos mais jovens mais meninas são afetadas do que meninos. Por outro lado, meninas com melanoma têm uma chance de cura quase 10% maior do que meninos. De uma forma geral, a sobrevida Análise de sobrevivência ou de sobrevida é um ramo da estatística que analisa a duração de tempo até que um ou mais eventos aconteçam, como morte ou falha de um tratamento. A análise de sobrevivência tenta responder a perguntas como: qual é a proporção de uma população que sobreviverá após um certo tempo? Como circunstâncias particulares aumentam ou diminuem a probabilidade de sobrevivência? Assim, a definição de sobrevida é importante. Na oncologia, em geral fala-se na sobrevida a partir do diagnóstico de uma doença (ou a partir do início de um tratamento). em jovens também é superior àquela de maiores de 40 anos.

Em relação aos fatores de risco, pele, cabelo e olhos claros, dificuldade para bronzear (apenas queima), sardas, nevos, são os mesmos nos jovens que em adultos mais velhos. Em jovens, porém, a história familiar e predisposição genética tem um papel maior.

O diagnóstico de melanoma em jovens é mais complicado, em parte porque é menos comum e os médicos não estão esperando por este tipo de lesão. Mas também por um comportamento que pode ser diferente. A regra ABCDE (Assimetria, Bordas irregulares, Cor variável, Diâmetro > 6mm, Evolução) nem sempre vale em jovens da mesma forma que em adultos mais velhos. Em geral, existe um risco maior de atraso de diagnóstico entre os jovens.

A incidência de outros tumores com aspecto patológico semelhante (tumor atípico de Spitz, nevo azul atípico, nevo profundamente penetrante, etc) pode complicar também o diagnóstico. Isso faz com que lesões benignas possam ser confundidas com melanoma e tratadas como tal em jovens. Geneticamente, os melanomas de jovens carregam as mesmas mutações Mutação (lat mutatio = mudança): em biologia, alterações do material genético celular. Podem ser classificadas de diversas formas. Por exemplo, mutações silenciosas não mudam a expressão do código genético e, portanto, não tem nenhuma repercussão na estrutura e metabolismo celular. Mutações pontuais ocorrem pela alteração de um único nucleotídeo da cadeia, enquanto em deleções uma parte da cadeia é perdida e em inserções um trecho de nucleotídeos é adicionado. frequentes dos genes BRAF e NRAS, mas podem ter algumas mutações mais encontradas em jovens, como alterações de c-Kit.

O tratamento de melanomas em jovens segue os mesmos paradigmas de adultos mais velhos. Existe muito pouca informação sobre o tratamento de melanomas em crianças, devido à sua raridade, e apesar do aumento de incidência na adolescência, também se sabe pouco sobre o tratamento destes jovens. Pacientes com doença localizada e ressecção completa tem prognóstico excelente, melhor do que os adultos mais velhos, com sobrevida em 5 anos maior que 90%.

Melanoma metastático Metástase (gr metastatis = mudanças de lugar, transferência) é a formação de uma nova lesão tumoral a partir de outra, mas sem continuidade entre as duas. As células neoplásicas se desprendem do tumor primário, movendo-se através do interstício (espaço entre as células) sendo levadas através dos vasos linfáticos ou da corrente sanguínea para um local distante onde formam uma nova colônia neoplásica. em adolescentes e adultos jovens é muito raro e não existem estudos clínicos sobre seu tratamento, devido ao pequeno número de casos. Ensaios clínicos usando as principais drogas usadas em adultos mais velhos, vemurafenibe e ipilimumab, foram cancelados pela falta de pacientes para participar dos ensaios.

Existem iniciativas para estudar tipos raros de câncer em crianças e adolescentes, inclusive o melanoma, mas elas progridem com grande lentidão. Será preciso a montagem de uma rede global de informações clínicas para conseguir acumular informações científicas de qualidade sobre o melanoma em jovens. Nesse ponto, a ciência aberta pode ajudar bastante.

Figura: Variação natural da cor da pele humana. Tipos de pele mais claros trazem maior risco de melanoma. Créditos Ibex73 CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons.

Esta postagem não representa sugestão de tratamento. Apenas um especialista pode judiciosamente decidir quais informações divulgadas podem modificar de alguma forma um esquema de tratamento, e de que forma.

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