Terapia personalizada para pacientes com sarcomas

3 Maio 2018

Escrito por Francisco H. C. Felix

Uma pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA) Oncology mostrou a viabilidade de personalizar a terapia de pacientes com sarcomas de partes moles através da pesquisa de mutações Mutação (lat mutatio = mudança): em biologia, alterações do material genético celular. Podem ser classificadas de diversas formas. Por exemplo, mutações silenciosas não mudam a expressão do código genético e, portanto, não tem nenhuma repercussão na estrutura e metabolismo celular. Mutações pontuais ocorrem pela alteração de um único nucleotídeo da cadeia, enquanto em deleções uma parte da cadeia é perdida e em inserções um trecho de nucleotídeos é adicionado. genéticas que possam servir de base para terapias alvo.

Sarcomas de partes moles são tumores raros em adultos e que se associam com sobrevida curta de pacientes. Pesquisadores franceses avaliaram a utilidade clinica do sequenciamento genético de próxima geração (next-generation sequencing) na personalização do tratamento de pacientes adultos com diversos tipos de sarcomas de partes moles em estágio avançado.

Para tanto, realizaram um estudo transversal usando dados do projeto GENIE (Genomics Evidence Neoplasia Information Exchange) da AACR (American Association for Cancer Research), cuja base de dados é disponivel online.

O grupo de pesquisa avaliou 584 pacientes com uma idade mediana de 56 anos, metade do sexo masculino. Foram encontradas 2697 alterações genéticas em 451 genes. Cerca de 57% dos pacientes tinham sarcomas com genoma Genoma: material genético de um organismo. Inclui todos os genes, as sequências de DNA não codificante (que não são genes) e também o material genético em organelas como as mitocôndrias. Por exemplo, os 22 mil genes humanos constituem menos de 2% do genoma humano. complexo, com múltiplas alterações genéticas. O restante era de sarcomas relacionados à translocações e outras alterações genéticas recorrentes. A mediana de alterações genéticas por cada caso foi de 4.

Os 20 genes mais afetados por alterações, em ordem, foram: TP53, MDM2, CDK4, RB1, ATRX, CDKN2A, PTEN, NF1, CDKN2B, KMT2D, GLI1, ATM, TERT, PI3KCA, NOTCH1, MAP2K4, ERBB4, ARID1A, TSC2, e TNFAIP3. Pelo menos 1 alteração genética tratável com terapia alvo Terapia alvo é uma das modalidades de tratamento médico (farmacoterapia) para o câncer, sendo que outras são terapia hormonal e quimioterapia citotóxica. A terapia alvo bloqueia o crescimento de células cancerígenas interferindo com moléculas específicas necessárias para a carcinogênese e o crescimento do tumor, ao invés de simplesmente interferir com todas as células que se dividem rapidamente (por exemplo, com quimioterapia tradicional). Como a maioria dos agentes para terapia direcionada é biofarmacêutica, o termo terapia biológica é às vezes sinônimo de terapia alvo quando usada no contexto da terapia do câncer (e, portanto, distinta da quimioterapia, isto é, terapia citotóxica). foi descoberta em 41% dos pacientes, em sua maioria portadores de genoma tumoral complexo.

Os autores concluíram que, em pacientes adultos com sarcomas de partes moles, vale a pena estudar a genômica dos tumores a fim de personalizar o tratamento com terapias alvo adequadas para as alterações genéticas encontradas com grande frequência nestes pacientes.

Figura: gráfico mostrando as mutações genéticas mapeadas no rabdomiossarcoma, um dos sarcomas de partes moles mais frequentes, especialmente em crianças. Créditos Javed Kahn (NCI) Domínio Público

Esta postagem não representa sugestão de tratamento. Apenas um especialista pode judiciosamente decidir quais informações divulgadas podem modificar de alguma forma um esquema de tratamento, e de que forma.

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