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Selênio e vitamina E não evitam câncer, mas podem atrapalhar

5 Abril 2009

Mais uma para os adeptos dos suplementos dietéticos, em especial aqueles que usam altas doses de certas vitaminas e micronutrientes sob a cara propaganda de pseudo-especialistas, como os “Terapeutas Ortomoleculares”. Lembramos que esta “terapia”, muitas vezes ministrada por não médicos sem o menor conhecimento do funcionamento do organismo e do mecanismo das doenças, não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina nem pelo Ministério da Saúde do Brasil. Desta vez um trabalho tentou associar algum benefício do uso de suplementos de selênio e vitamina E no câncer de próstata, sem resultado. Para piorar, o selênio mostrou uma tendência a associar-se com mutações genéticas que indicam maior gravidade do câncer, com uma significância estatística limítrofe. Embora os autores do estudo tenham responsavelmente se abstido de conclusões precipitadas, fica óbvio que o uso não adequadamente testado de qualquer substância, mesmo suplementos alimentares, pode ser perigoso.

NEW YORK (Reuters Health) Mar 13 - Gene expression profiles in prostatectomy specimens can provide insight into the effects of nutritional supplements taken by those patients preoperatively, according to the results of a new study.

The study by U.S. researchers is reportedly the first detailed systematic pathological tissue interrogation to be completed in preoperative patients with favorable-risk prostate cancer. The report appears in the March 4 issue of the Journal of the National Cancer Institute.

Dr. Jeri Kim of the University of Texas M.D. Anderson Cancer Center, Houston, and colleagues note que vários grandes estudos e análises secundárias têm dado resultados contraditórios sobre se selênio e/ou vitamina E reduzem a incidência de câncer de próstata ou outros tipos de câncer.

Para investigar mais, os pesquisadores estudaram 39 homens com adenocarcinoma de próstata confirmado histologicamente, expectativa de vida de pelo menos 10 anos e prostatectomia radical agendada. Os participantes foram randomizados para um de quatro regimes orais diários: 200 mcg de selênio, 400 UI de vitamina E, uma combinação de ambos ou placebo. Esses tratamentos foram administrados por 3 a 6 semanas, entre a inclusão no estudo e a prostatectomia. Trinta e seis participantes foram incluídos em todas as partes do estudo, incluindo análise de microarranjo.

Os pesquisadores isolaram e estudaram células normais, estromais e tumorais das amostras de biópsia. Eles então identificaram expressão gênica diferencial com base no tipo de tratamento e também no tipo de célula e zona do tecido.

Entre outros resultados, um aumento na porcentagem média de células tumorais positivas para o supressor tumoral p53 no grupo do selênio (26,3%), em comparação com o grupo placebo (5%), mostrou significância estatística limítrofe (p = 0,051).

Em um editorial, Dr. Eric A. Klein da Cleveland Clinic Lerner College of Medicine, Ohio, revisa os resultados.

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Postagem original no Pharmakon aqui.

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