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Dá para fazer quimioterapia em casa?

2 Junho 2018

Escrito por Francisco H. C. Felix

Uma pesquisa publicada no Journal of Pediatric Hematology and Oncology (JPHO) testou a segurança de realizar parte de um tratamento quimioterápico de doses altas ambulatorialmente.

O osteossarcoma Osteossarcoma é o tumor ósseo maligno primário mais comum em crianças e adolescentes, com maior incidência entre 10 e 30 anos. Os locais mais frequentes que esse tipo de câncer afeta são o fêmur distal, joelho (tíbia proximal) e o ombro (úmero proximal). A incidência desse tumor é similar em meninos e meninas até o final da adolescência, depois predominando no sexo masculino. é um dos tumores ósseos mais frequentes e incide mais em adolescentes e adultos jovens. Um dos paradigmas de seu tratamento é a administração do quimioterápico Quimioterapia refere-se ao tratamento de doenças por substâncias químicas que afetam o funcionamento celular. Pode ser quimioterapia antimicrobiana, quimioterapia antiviral, quimioterapia anticâncer, etc. Popularmente, o termo refere-se à quimioterapia anticâncer ou antineoplásica, um dos tratamentos do câncer onde são utilizadas drogas capazes de induzir morte celular. As células de câncer são mais sensíveis à quimioterapia, por se multiplicarem rapidamente. Células normais também podem ser afetadas, ocasionando diversos efeitos colaterais, como a queda de cabelo. metotrexato (MTX) em doses altas, via de regra 12g/m2. Normalmente, doses desta ordem são administradas hospitalarmente, para permitir a monitorização da quantidade de líquidos recebidos pelos pacientes, sua função renal, e sinais vitais.

Alguns centros de tratamento, no entanto, já fazem este tratamento ambulatorialmente. Os pacientes comparecem ao hospital para receber o tratamento e vai para casa com uma bomba de infusão domiciliar e solução hidroeletrolitica sendo infundida continuamente em casa. Eles ainda sim comparecem para exames, mas passam a maior parte do tempo em seu lar.

Como nunca fora realizado um estudo científico avaliando esta opção, os pesquisadores resolveram avaliar o tratamento de osteossarcoma com MTX em altas doses ambulatorialmente. Para avaliar a segurança e praticidade deste tipo de tratamento, a equipe escolheu pacientes que já haviam recebido 2 ciclos de MTX internados no hospital e aplicaram as doses subsequentes com o esquema ambulatorial.

Seis pacientes com mediana Mediana (estatística) é o valor que separa a metade maior e a metade menor de uma amostra, uma população ou uma distribuição de probabilidade. Em termos mais simples, mediana pode ser o valor do meio de um conjunto de dados. No conjunto de dados {1, 3, 3, 6, 7, 8, 9}, por exemplo, a mediana é 6. de idade de 13,5 anos foram submetidos a um total de 35 ciclos de MTX ambulatorial. Durante os 35 cursos de tratamento, não ocorreu nenhum evento de toxicidade, problemas com as bombas ou dificuldades dos pacientes e pais com o manuseio.

Os pesquisadores concluíram que a administração ambulatorial de MTX é segura e prática, sendo facilmente implementada e economizando recursos hospitalares, além de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. As visitas diárias ao hospital para exames incomodaram, mas de uma forma geral os participantes relataram ter sido bem melhor permanecer em sua casa durante o tratamento. Com essa publicação, essa prática pode se tornar mais difundida, permitindo aos pacientes ficarem menos tempo no hospital.

Figura: crianças com câncer recebendo tratamento com quimioterapia. Créditos Bill Branson (fotógrafo) Domínio Público, via Wikimedia Commons

Esta postagem não representa sugestão de tratamento. Apenas um especialista pode judiciosamente decidir quais informações divulgadas podem modificar de alguma forma um esquema de tratamento, e de que forma.

Leia a publicação:

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