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Descobrindo o câncer de esôfago através do hálito

17 Maio 2018

Escrito por Francisco H. C. Felix

Pesquisadores do Imperial College em Londres e do Instituto Karolinska em Estocolmo publicaram um estudo no Journal of the American Medical Association (JAMA) Oncology onde mostraram que o exame de amostras do ar exalado por pacientes pode indicar se eles têm câncer Câncer (lat cancer = caranguejo): grande grupo de doenças muito diferentes entre si, tendo em comum a proliferação celular incessante e desordenada, a capacidade de invadir localmente tecidos saudáveis do organismo e a capacidade de se espalhar para locais distantes (metástases). Os diversos tipos de câncer são teoricamente oriundos de uma única célula (origem clonal) a qual sofreu mutações em seu código genético. Saiba mais aqui. de esôfago.

Apesar dos avanços da medicina oncológica, dois terços dos pacientes diagnosticados com câncer de esôfago e estômago (CEE) no Reino Unido ainda apresentam-se com estágio avançado e não tem chance de um tratamento curativo. O diagnóstico precoce desta doença que afeta mais de 7 mil britânicos todos os anos séria crítico para aumentar as taxas de cura.

Compostos orgânicos voláteis (COV) Compostos orgânicos voláteis (VOC), são todos os compostos que possuem carbono na composição e temperatura de ebulição entre 50 e 260 ºC, como por exemplo, o diclorometano (T.E. = 41 ºC). produzidos pelo organismo humano e sua associação com o câncer já são estudados há muitos anos. Os autores do estudo já haviam publicado os resultados de uma pesquisa prévia onde eles criaram um modelo diagnóstico de 13 COVs que conseguiu mostrar cerca de 90% de sensibilidade em diagnosticar CEE. No estudo publicado agora, os pesquisadores fizeram a validação deste modelo.

O grupo de pesquisa avaliou ao todo 335 pacientes, 163 com CEE histologicamente compovado. Cinco COVs mostraram variação estatisticamente significante entre pacientes com CEE e controles (ácido butírico, ácido pentanóico, ácido hexanóico, butiral e decanal). Estes marcadores foram incluídos num modelo preditivo de risco e uma análise das variáveis de confundimento foi feita com regressão linear para cada marcador.

O modelo preditivo de risco foi usado para calcular probabilidades em uma curva ROC (receiver operator characteristic), usada para testar o poder discriminativo de sistemas de decisão. O valor da área sob a curva ROC do modelo foi de 0,85. Isso se traduz em uma sensibilidade e especificidade Sensibilidade é a capacidade de um teste diagnóstico detectar doença em pacientes doentes, ou seja, a razão entre teste positivos em pacientes doentes (positivos verdadeiros) e a totalidade dos pacientes doentes. Já especificidade é a capacidade do exame afastar doença em pacientes saudáveis, ou seja, a razão entre testes negativos em pacientes saudáveis (negativos verdadeiros) e a totalidade dos pacientes saudáveis. de 80% para o diagnóstico do câncer de esôfago. Esses números indicam que os resultados do exame do ar exalado tem 80% de chance de serem corretos. Segundo os autores do estudo, os resultados são pelo menos equivalentes à um escore baseado em fatores clínicos do protocolo NICE (indicações para encaminhamento para endoscopia digestiva).

Os autores concluem que o modelo ainda não é ideal e pode não representar vantagem sobre os critérios clínicos atuais na capacidade de detectar CEE em estágio inicial, mas merece mais pesquisas. Um estudo clínico maior pode avaliar a possibilidade deste modelo baseado em COVs vir a se tornar um teste de rastreio para CEE.

Figura: imagem de tomografia computadorizada do tórax mostrando um tumor de esôfago. Créditos James Heilman, MD CC BY-SA 4.0, da Wikimedia Commons

Esta postagem não representa sugestão de tratamento. Apenas um especialista pode judiciosamente decidir quais informações divulgadas podem modificar de alguma forma um esquema de tratamento, e de que forma.

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