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Tratamento para insuficiência renal crônica em crianças e o risco de câncer

10 Maio 2018

Escrito por Francisco H. C. Felix

Pesquisadores israelenses publicaram um estudo observacional Estudos retrospectivos: ou estudos observacionais, analisam dados de pacientes tratados ou seguidos previamente e anotados em prontuários. Como o estudo é planejado e realizado após o procedimento analisado, não há chance de modificar os parâmetros envolvidos, logo, não se pode controlar fatores que podem alterar ou confundir os resultados. Assim, ao contrário de ensaios clínicos (planejados antes de um procedimento, neste caso chamado de intervenção), os estudos observacionais não podem ser conclusivos, e são considerados exploratórios (geram novos conhecimentos que são usados para criar teorias e planejar ensaios). usando o Registro Nacional Israelense a fim de investigar a incidência de câncer Câncer (lat cancer = caranguejo): grande grupo de doenças muito diferentes entre si, tendo em comum a proliferação celular incessante e desordenada, a capacidade de invadir localmente tecidos saudáveis do organismo e a capacidade de se espalhar para locais distantes (metástases). Os diversos tipos de câncer são teoricamente oriundos de uma única célula (origem clonal) a qual sofreu mutações em seu código genético. Saiba mais aqui. em crianças e adolescentes com insuficiência renal tratadas com diálise por tempo prolongado ou transplante. Seus achados foram relatados no Journal of Pediatric Hematology/Oncology.

Os autores revisaram dados do Registro Nacional Israelense de Terapia de Reposição Renal, procurando pacientes entre 0-19 anos tratados entre 1990 e 2012. Os dados foram cruzados com informações do Registro Nacional Israelense de Câncer, para rastrear os casos de neoplasias. Eles calcularam a associação de variáveis com a ocorrência de malignidade através de análise univariada e a incidência de câncer ajustada para a idade no período estudado para comparação.

Os autores estudaram um total de 674 pacientes. Destes, 17 desenvolveram câncer durante o período de seguimento do estudo. Isso corresponde a uma incidência 6,7 vezes maior que na população pediátrica geral. Cinco pacientes tiveram linfoma, quatro apresentaram tumores renais e as outras tiveram tumores de pele, nasofaringe, sistema nervoso central e células germinativas. Seis pacientes foram diagnosticados com doença linfoproliferativa pós-transplante (DLPT). A idade menor foi o único fator que se correlacionou com o risco de malignidade na análise univariada (razão de risco Na análise de sobrevivência, a taxa ou razão de riscos (hazard ratio, HR) é a razão das taxas de risco correspondentes às condições descritas por dois níveis de uma variável explicativa. Por exemplo, em um estudo sobre uma exposição a um fator de risco, a população exposta pode morrer com o dobro da taxa por unidade de tempo que a população controle. A razão de risco seria 2, indicando maior risco de morte pela exposição. 0,91 - IC95% = 0,84-0,99; p < 0,03).

Eles concluíram que a terapia de reposição renal crônica aumenta o risco de câncer em crianças e adolescentes, especialmente DLPT e tumores renais. Os autores não observaram efeito do tipo de diálise ou da origem do rim para transplante (doador vivo ou não) na incidência de câncer, apenas a correlação com a idade. Uma das hipóteses possíveis para explicar os achados é a exposição a vírus. Também alterações genéticas associadas a doença renal em crianças e a imunossupressão são suspeitos de causarem o risco observado.

Figura: circuito esquemático de hemodiálise. Créditos YassineMrabet, imagem vetorial criada com Inkscape. (trabalho próprio a partir de Hemodialysis schematic.gif.) CC BY 3.0, GFDL ou CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

Esta postagem não representa sugestão de tratamento. Apenas um especialista pode judiciosamente decidir quais informações divulgadas podem modificar de alguma forma um esquema de tratamento, e de que forma.

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