Uma nova esperança para pacientes com tumores difusos de tronco cerebral

1 Dezembro 2017

Tumores difusos do tronco cerebral (DIPG) são mais comuns em crianças e constituem o glioma Glioma é um tumor de células gliais, células que protegem, nutrem e dão suporte aos neurônios, podendo ocorrer no encéfalo, na medula espinhal ou mesmo junto a nervos periféricos. São responsáveis por aproximadamente 30% de todos os tumores do sistema nervoso central e por 80% dos tumores malignos primários no cérebro. Podem ser classificados em gliomas de baixo grau (de comportamento geralmente benigno) ou gliomas de alto grau (malignos). Em crianças e adolescentes, ao contrário de adultos, gliomas malignos são menos comuns. maligno mais frequente na infância. Apesar de representarem menos de 15% dos tumores cerebrais pediátricos, respondem pela maioria dos óbitos por tumores cerebrais em crianças. Não existe tratamento eficaz para esta doença em nossos dias e mais de 90% dos pacientes falece antes de completarem 2 anos após o diagnóstico. No mundo inteiro, buscam-se novas terapias para esta doença.

Pesquisadores da Universidade do Colorado investigaram a eficiência de drogas inibidoras da via de sinalização celular A sinalização celular faz parte de um complexo sistema de comunicação que governa e coordena as atividades e funções celulares. As células são capazes de se comunicar entre si através de sinais químicos, e esses sinais iniciam funções como a produção de hormônios, o crescimento celular, a morte celular programada e muitas outras. Alterações da sinalização celular ocorrem em doenças como o câncer, diabetes e doenças imunológicas. MTOR em modelos de cultura de células derivadas de DIPG. A via de sinalização MTOR divide-se em dois complexos, o MTORC-1 e o MTORC-2. A maioria das drogas que inibem a sinalização MTOR são capazes de inibir apenas o complexo MTORC-1 (caso do everolimo).

Os pesquisadores testaram o everolimo e uma nova droga, a AZD2014, essa capaz de inibir tanto MTORC-1 quanto MTORC-2. Os cientistas também avaliaram o efeito das drogas na via AKT, a via comum de sinalização que os dois complexos MTOR afetam.

Os resultados mostraram que o everolimo praticamente não teve efeito nas linhagens celulares de DIPG. Por outro lado, a AZD2014 inibiu a proliferação celular e bloqueou a via AKT. Os pesquisadores mostraram que a estimulação da via AKT diminuiu o efeito da AZD2014 e a inibição da via AKT aumentou este efeito. Isto mostrou que a inibição dos complexos MTORC 1 e 2 conseguiu bloquear a sinalização celular e, assim, o crescimento tumoral.

Os autores ainda testatarm a associação de AZD2014 com radiação e várias outras drogas, mostrando sinergismo da inibição do crescimento celular, o que indica que combinações de radioquimioterapia com a droga experimental podem ser eficazes em pacientes com DIPG. Se esse efeito for confirmado, as drogas inibidoras de MTORC-1/2 serão uma nova esperança para os portadores dessa doença.

Estes foram testes in vitro preliminares e o desenvolvimento das novas medicações, que começa com estudos dessa natureza, deve passar por várias fases, incluindo estudos em animais para averiguar sua possível toxicidade e seus efeitos, depois estudos em grupos pequenos de pessoas e, se a medicação confirmar seu potencial terapêutico, ensaios clínicos maiores com grande número de pacientes.

Figura: via de sinalização celular MTOR. Créditos Charles Betz CC BY 3.0, via Wikimedia Commons.

Esta postagem não representa sugestão de tratamento. Apenas um especialista pode judiciosamente decidir quais informações divulgadas podem modificar de alguma forma um esquema de tratamento, e de que forma.

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