Tratamento de hemangiomas no Hospital Infantil Albert Sabin

20 Setembro 2011

A Revista de Saúde da Criança e do Adolescente deste mês traz um artigo de minha autoria descrevendo as opções no tratamento de crianças com hemangioma Hemangioma (gr haema = sangue; angeio = vaso; oma = tumor) são tumores vasculares benignos formados por um crescimento anormal de capilares sanguíneos que geralmente não causam danos, apenas são desagradáveis esteticamente. São mais comuns na pele, especialmente na cabeça e pescoço, mas podem aparecer em vários órgãos, como mucosas, fígado, intestino, árvore respiratória, cérebro, etc. Também chamados hemangiomas infantis ou hemangiomas capilares. Surgem logo após o nascimento, crescem rapidamente no primeiro ano de vida (fase proliferativa) e regridem espontaneamente a um ritmo de cerca de 10% ao ano (desaparecendo em até 9 anos mais ou menos). . Este artigo é baseado em minha experiência pessoal, de ter tratado no Serviço de Onco-hematologia Pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin (agora Centro Pediátrico do Câncer) mais de 200 crianças com hemangiomas nos últimos 5 anos.

O tratamento de crianças com hemangioma em nossa unidade iniciou-se com o encaminhamento de pacientes com lesões complicadas para tratamento com interferon alfa 2a (hoje em desuso) e, mais tarde, com vincristina (um quimioterápico). Em fins de 2008, por intermédio do grupo da Dra. Heloísa Galvão do Amaral Campos (link para seu site), através do colega Dr. Antonio Aldo Melo Filho, soubemos do advento do propranolol Propranolol: fármaco anti-hipertensivo indicado para o tratamento e prevenção do infarto do miocárdio, da angina, de arritmias cardíacas, bem como da enxaqueca. Pode ser utilizado associado ou não a outros medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial. É um bloqueador de receptores beta adrenérgicos (betabloqueador). Em 2008, uma publicação no New England Journal of Medicine mostrou que o propranolol pode induzir a regressão rápida de hemangiomas infantis. para seu tratamento.

Como anteriormente expusemos em postagem anterior, naquele ano o grupo da Dra. Léauté-Labrèze havia publicado um trabalho seminal que se tornaria famoso, no prestigiado New England Journal of Medicine. Desde esta primeira descrição observacional Estudos retrospectivos: ou estudos observacionais, analisam dados de pacientes tratados ou seguidos previamente e anotados em prontuários. Como o estudo é planejado e realizado após o procedimento analisado, não há chance de modificar os parâmetros envolvidos, logo, não se pode controlar fatores que podem alterar ou confundir os resultados. Assim, ao contrário de ensaios clínicos (planejados antes de um procedimento, neste caso chamado de intervenção), os estudos observacionais não podem ser conclusivos, e são considerados exploratórios (geram novos conhecimentos que são usados para criar teorias e planejar ensaios). do achado casual do efeito do propranolol em hemangiomas infantis, centenas de trabalhos científicos seguiram-se. Recentemente, um ensaio clínico duplo-cego e randomizado validou este tratamento para crianças com hemangioma.

No meu trabalho, descrevo resultados preliminares de nossa própria experiência com o tratamento de hemangiomas com propranolol, que iniciamos em 2009. Estamos realizando uma avaliação retrospectiva, observacional, de nossa casuística, aprovada pela Comisão de Ética em Pesquisa do HIAS. Para levar a cabo este trabalho, criamos em 2010, juntamente com professores da Universidade Federal do Ceará, o Grupo de Pesquisa em Farmacologia Vascular e Endotelial, denominando a linha de pesquisa de “Atividade Antiangiogênica de Drogas no Tratamento de Doenças Neoplásicas”.

Em outubro deste ano, devemos apresentar nossos primeiros resultados preliminares. De uma forma geral, temos obtido bons resultados com a utilização de propranolol para o tratamento de hemangiomas infantis, assim como vários outros grupos ao redor do mundo.

Esta postagem não representa sugestão de tratamento. Apenas um especialista pode judiciosamente decidir quais informações divulgadas podem modificar de alguma forma um esquema de tratamento, e de que forma.

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